Evidências genéticas da presença/ausência de cornos em ovinos

A presença e ausência de cornos em ovinos é influenciada pelo sexo e atua de maneira bastante variada entre raças. Há raças em que todos os animais são aspados, mas os machos têm cornos maiores que as fêmeas, raças em que machos são aspados e fêmeas mochas, raças em que todos os animais são mochos, raças em que machos são aspados e fêmeas aspadas ou não e raças em que as fêmeas são mochas e os machos aspados ou não (Castle et al 1940 e Luhken et al 2016). Alguns estudos fenotípicos mostraram a possível ação de um loco tri-alélico, limitado pelo sexo, na expressão do caráter em ovinos, porém com variação de ação entre raças (Dolling et al 1960 a,b,c; Dolling et al 1961, Dolling et al 1968).

Alguns trabalhos raça-específico indicam regiões do genoma e possíveis marcadores a serem usados. Pickering et al (2009) encontraram um haplótipo na região do OAR10 em ovinos cruzados Merino x Rommey. Weidemar e Drogemuller (2015) trabalhando com raças ovinas de origem suíça, encontraram uma inserção de 1,8kb associada ao caráter mocho, na região 3’UTR do gene RXFP2 (OAR10). Dominik et al (2011) e Wang et al (2013) encontram SNPs distintos, próximo ao/no gene RXFP2 associado a mutação causal do fenótipo, mas muito provavelmente sob ação de imprinting materno, segundo Dominik et al (2011). Por fim, Luhken et al (2016) trabalhando com muitas raças ovinas com diversos padrões de presença/ausência de cornos, demostraram que os SNPs do gene RXFP2 pode ser utilizado em raças com padrão de cornos variados e/ou sexo-dependentes, mas que a inserção de 1,78kb não é a única causa que causa o caráter mocho em ovinos.

Estudos mostram ainda que essa região do OAR10 está associada ao formato e comprimento dos cornos na raça Soay (Johnston et al 2010), sendo essa região cromossômica promissora a ser estudada.

Outra característica relacionada à presença de cornos em ovinos é policeratia, ou seja, a ocorrência de cornos múltiplos (dois a quatro cornos), presente em algumas raças. Três estudos independentes identificaram uma região do OAR2 como potencial candidata para a característica (He et al 2016, Kijas et al 2016 e Greyvenstein et al 2016). A região foi prospectada por análises de associação ampla no genoma e está localiza próxima aos genes MTX2 e HOXD, sem a possibilidade de identificar o gene e a mutação causal que aparenta ser de herança simples. Um mapeamento fino nessa região com a possibilidade de combinar com dados de expressão podem ajudar na determinação. Mostra-se também que se trata de uma região diferente da que ocasiona o caráter mocho. São, portanto, vários os estudos a serem conduzidos para melhor entender a dinâmica de ação genética na expressão do caráter mocho/aspado na espécie.

 

Referências

Castle (1940). Genetics of horns in sheep. J Hered ;31:486–7.

Dolling (1960a) Hornedness and polledness in sheep. I. The inheritance of polledness in the Merino. Austr J Agric Res. 11:427–38.

Dolling (1968) Hornedness and polledness in sheep VI. The inheritance of polledness in the Border Leicester. Austr J Agric Res ;19:649–55.

Dolling (1960b) Hornedness and polledness in sheep. II. The inheritance of horns in Merino ewes. Austr J Agric Res. 11:618–27.

Dolling (1960c) Hornedness and polledness in sheep. III. The inheritance of horns in Dorset Horn ewes. Austr J Agric Res.11:845–50.

Dolling (1961) Hornedness and polledness in sheep. IV. Tripple alleles affecting horn growth in the Merino. Austr J Agric Res.; 12:438–97.

Dominik et al (2012) A single nucleotide polymorphism on chromosome 10 is highly predictive for the polled phenotype in Australian Merino sheep. Anim Genet.; 43:468–70.

Greyvenstein et al (2016) Polyceraty (multi-horns) in Damara sheep maps to ovine chromosome 2. Animal Genetics, 47, 263–266

He et al (2016) Mapping the four-horned locus and testing the polled locus in three Chinese sheep breeds. Animal Genetics, 47, 623–627

Johnston et al (2010) Horn type and horn length genes map to the same chromosomal region in Soay sheep. Heredity (Edinb). 2010;104:196–205.

Kijas JW et al. (2013) Genetic diversity and investigation of polledness in divergent goat populations using 52 088 SNPs. Animal Genetics.

Luhken et al (2016) The 1.78‑kb insertion in the 3′‑untranslated region of RXFP2 does not segregate with horn status in sheep breeds with variable horn status. Genet Sel Evol, 48, 78

Pickering et al (2009). Mapping the horns locus in sheep. Proc Assoc Adv Anim Breed Genet.;18:88–91.

Wang et al (2014). Discovery of SNPs in RXFP2 related to horn types in sheep. Small Ruminant Res.116:133–6.

Wiedemar e Drögemüller (2015) 1.8-kb insertion in the 3′-UTR of RXFP2 is associated with polledness in sheep. Anim Genet; 46:457–61.

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Sobre Gregório Miguel Ferreira de Camargo

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Zootecnista, doutor em Genética e Melhoramento Animal, professor adjunto do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador-BA. Contato: [email protected]

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