Utilização de Resíduo de cervejaria em substituição do volumoso em dietas para ruminantes

A fração volumosa da dieta representa grande parte da ingestão de nutrientes pelos ruminantes, especialmente de fibra, que estimula a ruminação e a atividade natural do rúmen e trato digestivo dos mesmos, sendo sua quantidade e qualidade adequada essencial para a produção de leite ou carne.

Embora os alimentos volumosos sejam classificados como a parte mais barata da dieta, animais de produção elevada podem apresentar limitações em sua produção, devido ao alto teor de volumoso na dieta e baixa qualidade e densidade de nutrientes contidos no mesmo. Em geral, as pastagens, em manejo tradicional, ou até mesmo ausente, a silagem e as forrageiras de corte, como a cana de açúcar e o capim-elefante, não apresentam qualidade nutricional suficiente para manter a produtividade dos animais elevada, impedindo os mesmo de expressar seu potencial genético superior.

O resíduo de cervejaria, ou bagaço de cevada, é um alimento classificado como volumoso, devido à suas características nutricionais, e que pode substituir, em parte, essa fração volumosa de baixa qualidade, e elevar a densidade de nutrientes da dieta, possibilitando aumento de produção. A composição média dos resíduos varia de acordo com o lote, cervejaria fornecedora do material e até mesmo do tipo de cerveja produzida que originou o resíduo, porém, em valores médios, sua composição possui: 25% de matéria seca (MS), 60% de fibra em detergente neutro (FDN), 22% de proteína bruta (PB), 74% de nutrientes digestíveis totais (NDT), 0,98% de cálcio (Ca) e 1,35% de fósforo (P), podendo sua inclusão na dieta de vacas leiteiras elevar a produção de leite em até 30% e o ganho de peso de animais em regime de engorda em até 25%, com redução de custos de em média 15% na alimentação dos animais, o que faz com que sua inclusão, de forma correta, seja benéfica tanto para o aumento do volume de produção como para a redução de custos com a alimentação dos animais.

O resíduo de cervejaria, por sua vez, possui limitações de uso e obtenção, e seu manejo deve ser recomendado e orientado pelo profissional técnico responsável pela propriedade, devido aos seguintes fatores: 1° – Alto teor de umidade do resíduo, o que lhe confere alta degradação e perda de material por apodrecimento. À critério do técnico responsável, o resíduo pode ser utilizado de forma natural, em até 30 dias após o recebimento na propriedade, ou ensilado por no mínimo 30 dias, dependendo do cronograma produtivo da propriedade e do volume utilizado diariamente; 2° Alto teor de micotoxinas presentes no resíduo, quando utilizado in natura, o que comprovadamente pode acarretar em vacas e cabras leiteiras problemas de cisto ovariano, entre outros problemas reprodutivos, diminuindo a fertilidade do rebanho; 3° – Elevado teor de proteínas na matéria seca, o que pode gerar um desbalanço no metabolismo nitrogenado dos animais, levando os mesmos à problemas de acidose sanguínea e consequentemente morte embrionária, reduzindo também a fertilidade, além de problemas de casco e timpanismo; 4° – Teor de fibra fisicamente efetiva, ou seja, que efetivamente estimula a ruminação dos animais, e que devido ao tamanho de partícula reduzido do resíduo é baixa em comparação aos volumoso tradicionalmente utilizados, podendo levar o animal a quadros de acidose e timpanismo, parada de ruminação, queda de produção e em casos severo, à morte; e 5° – Limitação geográfica de obtenção, devido à distância de cervejarias e industrias comercializadoras do resíduo.

Geralmente, se recomenda a utilização do resíduo de forma controlada, devido à sua alta palatabilidade, o que pode acarretar problemas de excesso de ingestão do rebanho, e as quantidades recomendas de substituição do volumoso variam de 7 a 15 kg por vaca, boi ou búfalo diariamente e para caprinos e ovinos, geralmente, as recomendações máximas são de 5 kg por cabeça diariamente, porém tal inclusão depende intimamente do balanceamento de dietas adotado pelo profissional técnico responsável pela propriedade que deseja incluir o resíduo na alimentação do rebanho, levando em consideração o custo médio de obtenção do mesmo, o custo dos demais ingredientes da dieta, a produção de leite esperada ou o ganho de peso diário esperado e o teor de gordura desejado, no caso de produção de leite. Desse modo, o resíduo pode substituir em média 25% do volumoso da dieta, não podendo ultrapassar 30%, de acordo com o balanceamento utilizado, devido aos fatores já citados anteriormente.

Recomenda-se, também, a acomodação do resíduo em caixas de madeira forradas com lona de silagem, caixas de concreto ou valetas, dimensionadas com o auxilio do técnico responsável, de acordo com o volume utilizado diariamente, pois o produto geralmente é vendido na quantidade mínima de 15 toneladas.

Aos produtores que se interessarem pela inclusão do resíduo na dieta do rebanho, recomenda-se primeiramente a procura de um técnico habilitado na área de nutrição animal, para aconselhar e orientar a utilização do mesmo, desde o recebimento até a administração para os animais, de forma à melhorar os resultados produtivos e financeiros da propriedade.

 

 

Gusthavo. R. Vaz da Costa

Zootecnista

CRMV-Z 00887-Z

Ruminar Consultoria Agropecuária

Consultor técnico em pecuária de leite e corte

[email protected] / 11 95813-4490

 

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Sobre Gusthavo R. Vaz da Costa

Gusthavo R. Vaz da Costa
Zootecnista - CRMV-MG 2249/Z Especialista em Gestão de Agronegócios e Legislação Ambiental - Universidade Cândido Mendes / UCAM Mestrando no Programa de Pós-graduação em Zootecnia - IFSUDESTEMG - Rio Pomba / Nutrição e Produção de Bovinos Docente efetivo - IFSULDEMINAS / campus Inconfidentes - Dep. de Zootecnia. Consultor técnico em pecuária de leite e corte. Contato pelo Whatsapp 11 95813-4490 / 35 99767-0041

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Um comentário

  1. Avatar
    Helvécio Araújo Junior

    Achei interessante o uso deste resíduo
    Gostaria de ter mais informações
    Gostaria também de saber se existe disponibilidade desse material próximo a Campos dos Goytacazes

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