Acompanhado de Tork, seu cão pastor, o produtor Cláudio Notini circula entre o rebanho da Fazenda Jardim, em Santana de Pirapama, a cerca de 150 quilômetros da capital. Olhar atento aos custos e satisfeito com os resultados que tem alcançado, diariamente ele entrega para a indústria 2,8 mil litros de leite, seguindo um rigoroso processo de qualidade. Com um aplicativo nas mãos, Notini acompanha todas as informações sobre seus 320 animais da raça girolando. Em ordenha, são 160 fêmeas. A sanidade do rebanho, a higiene primorosa e um leite rico em proteínas e gorduras lhe garantem uma remuneração até 14% maior que o preço médio do litro de leite.
Na política de bonificação pela qualidade, o valor pago pela indústria ao produtor que atinge padrões de excelência é, em média, 10% maior que a média do mercado, podendo alcançar até 20%, o que hoje elevaria o preço pago pelo litro do alimento a R$ 1,20, em média. Centavos que, no fim do mês, se transformam em milhares de reais.
Pequena ou de grande porte, a atividade leiteira, que é uma das mais antigas de que se tem notícias em Minas, está caminhando rumo à modernização. Práticas tradicionais estão sendo substituídas por novos modelos de gestão, que reduzem custos, aumentam a produtividade e a qualidade, abrindo espaço no exigente mercado consumidor.
Há 10 anos, depois de deixar o setor de desenvolvimento de softwares, Cláudio Notini decidiu investir na atividade. Na Fazenda Jardim, herança de família que já guardava a vocação para a pecuária, ele apostou em um modelo de gestão moderno, incluindo rígido controle de custos. Uma das medidas foi a mecanização da propriedade. O alimento dos animais passou a ser em grande parte produzido na fazenda, reduzindo a despesa, que é a mais pesada da produção, chegando a representar 50% do custo da atividade. Com a venda do alimento excedente, também é possível gerar receitas.
CONTROLE RIGOROSO Na propriedade, a recria é terceirizada e a alimentação do gado segue dieta balanceada. Cevada, farelo de malte, núcleo mineral, poupa cítrica e silo de mombaça fazem parte do cardápio. Depois de reunidos, os ingredientes são misturados por uma máquina que mede a quantidade a ser servida, na exata necessidade do rebanho. “Mensalmente, amostras do leite são coletadas e avaliadas pela indústria. Os padrões de qualidade definem a bonificação”, explica o produtor.
Célio Moreira, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), diz que o processo de bonificação da indústria pela qualidade reflete diretamente na produção, que pode ter um resultado até 6% maior, a partir de um alimento rico em teor de gordura, proteínas, acidez balanceada e baixa contagem bacteriana. “O que é um resultado muito importante para a indústria”, aponta.
Em um momento de queda nos preços do leite, Notini preserva o otimismo. Diz que os altos e baixos dos preços fazem parte da trajetória do mercado, desafios que ele pretende vencer atingindo padrões superiores de qualidade. “Em um ano e meio, devemos alcançar 5 mil litros de leite/dia”, conta o produtor. Equipada com resfriador que recebe o leite direto da ordenha mecânica, a fazenda já está estruturada para uma segunda fase de ampliação da produção, que tem o objetivo de chegar a 8 mil litros/dia. Os animais da raça girolando podem produzir até 40 litros/dia, mas a média da fazenda é de 18 litros por animal. No inverno, apesar da menor fartura do pasto, a produção deve crescer para 21 litros.
Fonte: Portal lacteo
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