Degradação e manejo das pastagens – Tópicos importantes

As pastagens constituem-se na forma mais prática e econômica de alimentação de bovinos, sendo que o Brasil, pela extensão da sua área territorial e pelas condições climáticas favoráveis, apresenta enorme potencial de produção de carne em pastagens. Porém, estima-se que boa parte das áreas de fronteira agrícola onde a atividade pecuária é desenvolvida se encontra em algum estádio de degradação ou degradada (DIAS-FILHO, 2006).

A degradação das pastagens pode ser explicada como um processo em que os solos perdem seu vigor torna-se menos produtivos e, portanto, é interpretada de diferentes formas pelos produtores. Isso implica diretamente na rentabilidade do sistema de produção. Considerando-se apenas a fase de engorda de bovinos, a produtividade de carne de uma pastagem degradada pode ser seis vezes inferior ao de uma pastagem recuperada ou em bom estado de manutenção (MACEDO et al., 2000). Segundo Dias Filho (2007) a degradação de pastagem pode ter início com sua queda de vigor, sendo verificada uma acentuada queda na produtividade agrícola, com drástica diminuição da capacidade de suporte esperada para aquela determinada área.

A degradação do solo é um problema que acomete grandes áreas, afetando diretamente a qualidade de vida do homem e do meio ambiente, sendo assim, dentre os fatores que levam a degradação das pastagens, vale destacar os dez seguintes:

  1. O plantio de espécies forrageiras não-adaptadas as condições edafoclimaticas da região.
  2. Má formação inicial e preparo de solos inadequados.
  3. Baixa fertilidade dos solos
  4. Sistemas e métodos de plantio
  5. Taxa de lotação
  6. Ataque de plantas daninhas, pragas e doenças
  7. Sistema de pastejo
  8. Uso do fogo com freqüência
  9. Compactação dos solos
  10. Incompatibilidade de plantas consorciadas

Percebe- se que as causas da degradação dos solos são diversas, no entanto é interessante abordar os efeitos do pastejo mal conduzido na sua degradação

O super pastejo provoca uma intensa desfolhação do pasto, que reduz a área foliar, e consequentemente a taxa fotossintética, levando a conseqüências nos carboidratos de reserva, novos perfilhamentos e no desenvolvimento de novas folhas. Mella (1993) em experimentos com Panicum maximum, cv. Colonião, observou que altas pressões de pastejo, associadas a curtos períodos de descanso, 28 dias, levaram à degradação da pastagem em apenas 3 anos.  Sendo importante em alta pressão de pastejo somente respeitar um longo período de descanso. Uma vez que as menores pressões foram mais favoráveis à persistência da pastagem.
A adequação das pressões de pastejo com a produção de forragem favorece a manutenção do conteúdo de matéria orgânica do solo que é determinante para a produção sustentável das pastagens. Além disso, o potencial produtivo das pastagens pode ser recuperado com o suprimento de nutrientes limitantes sem a necessidade de perturbação do solo e garante melhor ganho de peso.

Figura 1: Relações entre pressão de pastejo, ganho de peso por animal e ganho de peso por unidade de área. Fonte: Mott  (1960)
Figura 1: Relações entre pressão de pastejo, ganho de peso por animal e ganho de peso por unidade de área. Fonte: Mott  (1960)

Na figura acima e possível observar faixas para a pressão de pastejo, sub pastejo, o pastejo ótimo, e o super pastejo.

  • No subpastejo há um excesso de acumulo de forragem e um menor número de animais em relação à quantidade de forragem existente. Como há excesso, ocorre perda de forragem (excedente não consumido) e perda de valor nutritivo (alto teor de fibra, baixa proteína), menor digestibilidade e conseqüente redução do consumo desta forragem de baixo valor nutritivo pelos animais.
  •  O Superpastejo refere-se ao número excessivo de animais em relação à quantidade de forragem existente. Esta situação leva à degradação da pastagem, aumento de ocorrência de plantas invasoras, erosão, redução da área foliar e esgotamento das reservas orgânicas, alem de causar um pisoteio excessivo e causar a compactação do solo.
  • A faixa intermediaria seria o pastejo ideal onde a taxa de acumulo de forragem encontra caminha junto com a taxa de lotação. A faixa ótima obtém-se menor ganho por animal do que aquele registrado na condição de subpastejo, mas pode-se atingir máximo rendimento por área, ou seja, a produção torna, mas eficiente, uma vez que é possível obter renda sem comprometer a sustentabilidade do sistema.
  • Outro fator preponderante na manutenção de uma pastagem é sem duvidas a adubação em razão de nutrientes perdidos no processo produtivo, na constituição do corpo dos animais, na erosão, na lixiviação e volatilização, na fixação em argila e matéria orgânica e nos acúmulos de malhadores (MARTINS et al., 1996, citado por KICHEL et al., 1999).
  • A maioria das propriedades não utiliza adubação de pastagens, causando o empobrecimento do solo e consequentemente aumentando a degradação. Para alcançar alta produtividade animal há necessidade de adubações de formação e de manutenção das pastagens. Ao adotar o uso da adubação deve-se avaliar tanto o tipo de solo quanto à espécie cultivada.
  • È aconselhável realizar analise de solo de tempos em tempos para garantir que a reposição dos nutrientes em decréscimo seja realizada na quantidade exata, e assim evitar gastos desnecessários.
  • O manejo das pastagens evita que o produtor venha a ter prejuízos, com recuperação de áreas degradadas, e queda no ganho de peso por área. Sendo a pasto a fonte, mas barata de alimentação dos animais deve se buscar oferecer aos mesmos em quantidade e qualidade e esses requisitos é obtido com o manejo adequado. A adoção de medidas com o preparo correto do solo, a escolha da espécie forrageira adequada para o local, o uso de sementes qualificadas e na quantidade certa, o manejo correto das pastagens, observando a pressão de pastejo e um período de descanso adequado e também adubações de manutenção, seriam suficientes para resolver o problema.

Referencias

KICHEL, A. N.; MIRANDA, C. H. B.; ZIMMER, A. H. Degradação de pastagens e produção de bovinos de corte com a integração agricultura x pecuária. In: SIMPOSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 1., 1999, Viçosa.Anais… Viçosa: UFV, 1999. p. 201-234.
MOTT, G.O. Grazing pressure and the measurement of pasture production. In: International Grassland Congress, 8, England. Proceedings…1960. p.606-611.
MELLA, S. C. Manejo como fator de recuperação de pastagens. In: ENCONTRO SOBRE RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS, 1., 1993, Nova Odessa. Anais… Nova Odessa: IZ, 1993. p. 61-78.
MACEDO, M. C. M.; EUCLIDES, V. P. B.; OLIVEIRA, M. P. Seasonal changes in the chemical composition of cultivated tropical grasses in the savanas of Brazil. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 17., 1993, Palmerston North. Proceedings… Palmerston North: New Zealand Grassland Association, 1993. v. 3, p. 2000-2002.
DIAS-FILHO, M. B. Sistemas silvipastoris na recuperação de pastagens degradadas. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 34p., 2006.
DIAS-FILHO, M. B. Degradação de pastagens: processos, causas e estratégias de recuperação.3. ed. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 190p., 2007.

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Sobre João Wilian Dias Silva

João Wilian Dias Silva
Técnico em Agropecuária pela Escola Família Agrícola de Caculé, Atualmente Graduando em Zootecnia -UESB, bolsista de iniciaçao científica, 22 anos

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2 comentários

  1. Avatar
    Jorge Pardim

    Olá, parabéns pelo artigo!
    Conteúdo muito bom e de fácil entendimento!
    Grande abraço!
    Ps. Se precisar, conte conosco para dicas e informações sobre tipos de
    grama nos links abaixo.
    Grama Esmeralda
    Grama Batatais
    Grama São Carlos
    Grama Bermudas
    Grama Santo Agostinho
    Grama Coreana

  2. Avatar
    Elielton Santos

    Parabéns pelo artigo!
    Muito bem escrito.

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