Leite orgânico é o produto da pecuária leiteira orgânica, que se baseia nas premissas de ser uma exploração economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa. Nesse tipo de exploração, além de os animais serem criados de forma saudável, sem a utilização de antibióticos, hormônios, vermífugos, promotores de crescimento, estimulantes de apetite, uréia e demais aditivos não autorizados, é necessário que o pecuarista esteja compromissado com a preservação ambiental e proporcione adequadas condições de trabalho aos seus empregados, sempre visando a excelência do produto a ser obtido. O leite orgânico difere daquele obtido na pecuária convencional por não conter resíduos químicos de qualquer espécie, possuindo mesmo sabor e valor nutritivo, podendo ser consumido puro, sob a forma de lactoderivados ou incorporado a outros produtos alimentícios.
O sistema orgânico de produção não é caracterizado somente pela troca de insumos químicos por insumos orgânicos, biológicos e ecológicos, visto o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelecer uma série de procedimentos para que o leite de uma propriedade seja considerado orgânico. Tais procedimentos regulamentam a alimentação do rebanho, instalações e manejo, escolha de animais, sanidade e até o processamento e empacotamento do leite.
A Embrapa Gado de Leite, embora não produza leite orgânico, vem desenvolvendo ações que enfocam dois temas prioritários nas pesquisas concernentes à sua produção: a alimentação e o controle sanitário do rebanho.
Em um sistema de produção de leite orgânico, como em qualquer sistema pecuário, recomenda-se que a alimentação dos animais seja equilibrada e supra todas as suas necessidades. Entretanto, de acordo com as exigências das Certificadoras, 85% da matéria seca consumida pelo rebanho deve ser de origem orgânica e para tanto se recomenda que seja feito, na propriedade, o consórcio de gramíneas e leguminosas na pastagem, incentivando a diversificação de espécies vegetais. Sugere-se a implantação de sistemas agroflorestais (silvipastoris ou agrossilvipastoris), nos quais leguminosas arbóreas e/ou arbustivas, fixadoras de nitrogênio, sejam associadas a cultivos agrícolas ou pastagens.
O controle sanitário do rebanho leiteiro orgânico deve se basear no uso de produtos homeopáticos, fitoterápicos e na acupuntura, sendo obrigatórias as vacinas previstas na legislação e recomendadas a administração daquelas que visam ao controle das doenças mais comuns em cada região.
A despeito das iniciativas isoladas, a produção de leite orgânico no Brasil ainda é incipiente, fato que aliado ao pouco interesse das empresas receptoras em processá-lo explicam o baixo volume oferecido à população,ainda é muito reduzido o número de propriedades que exploram a pecuária leiteira orgânica certificada.
*Carlos Renato Tavares de Castro, *Maria de Fátima Ávila Pires e *Luiz J. Aroeira
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