A inseminação artificial é uma técnica que já existe em abelha, apesar de ser pouco conhecida. Considerando que no Brasil, a produtividade média por colmeia é de 20 a 25 quilos de mel por ano, para o biólogo Ademilson Espencer, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), a flora brasileira permite que o país possa chegar facilmente a 80 quilos. Mas, para isso, teria que investir em melhoramento genético, com inseminação artificial de abelhas, pois a produtividade está intimamente relacionada com o melhoramento genético.
Considerando a composição da colmeia (abelhas rainha, operárias e zangões), a ideia do pesquisador é coletar sêmen de zangões de elite e introduzir em rainhas selecionadas para gerar colmeias mais produtivas. Apesar de não ser recente, a técnica só agora começa a dar as caras em uma produção comercial. Esse impulso se deve, em boa parte, à parceira entre o apicultor Cézar Ramos Junior e Espencer.
O acordo firmado entre o apicultor e a universidade vai até 2015. O zootecnista colombiano Omar Martínez, doutorando da USP e coordenador dos experimentos, sustenta que eles estão tentando criar um programa de melhoramento genético e estabelecer parceria com os produtores para poder levar essa tecnologia ao campo.
O trabalho de pesquisa vai ser todo voltado para a produção de própolis verde, uma própolis rara e com propriedades medicinais, negócio principal de Cézar; mas poderia ser para diminuir a agressividade das abelhas, melhorar a sanidade das colmeias e a produção de mel. A seleção genética é feita de acordo com o interesse do apicultor, mas no processo de seleção não é só a produtividade que conta, são observadas também outras qualidades importantes, como a resistência a pragas e doenças.
A primeira coisa a se fazer é produzir rainhas das colméias, que é fundamental para fazer a inseminação. Uma rainha nada mais é do que uma larva comum que recebeu uma super alimentação. Na produção artificial, Omar coloca cúpulas plásticas nas caixas escolhidas. As cúpulas vão para o laboratório junto com um favo de cria, com larvas de 24 horas. Depois, coloca-se uma gota de geleia real diluída em água destilada no fundo das cúpulas, e, cuidadosamente, transfere-se a larva para lá. De cabeça para baixo, as larvas vão voltar para as colmeias com ou sem rainhas, presas na parte inferior da caixa. Órfãs, e tendo as cúpulas maiores à disposição, as abelhas operárias serão estimuladas a alimentar as larvas somente com geleia real, transformando todas elas em rainhas.
Passados dez dias, as cúpulas aceitas e fechadas dentro da colmeia vão para uma estufa com umidade e temperatura controladas. Para acelerar o processo de melhoramento, Omar costuma mandar para o Cezar, em Bambuí, algumas dessas rainhas virgens para se acasalarem lá, naturalmente. Só desse jeito, a produção já aumenta. Uma marquinha colorida identifica a rainha, que vai para uma gaiola apropriada, junto com sete ou oito operárias, que, no transporte, vão se alimentar de uma pasta de açúcar e mel. As que ficaram voltam para a colmeia dentro de uma telinha. Com mais cinco ou seis dias, atingem a maturidade sexual e estão prontas para a inseminação.
Esse material migra para a “espermateca”, uma estrutura que a rainha tem no abdômen e que conserva o sêmen ativo por toda sua vida, que, na natureza, pode passar de dois anos. Quanto ao pai, uma colmeia forte e bem alimentada pode suportar até mil zangões. Na teoria, são necessários apenas oito deles para inseminar uma rainha, mas, na prática, precisa-se capturar bem mais. A fumaça traz os zangões até a superfície da colmeia. Omar procura e coleta um a um. Tenta pegar, pelo menos, uns 30 deles para cada rainha que pretende inseminar.
Como resultado, os ovos fecundados dão origem às fêmeas, já os ovos da rainha que não são fecundados originam macho, sendo, por isso, o zangão filho da rainha, da qual herda toda a informação genética. Para extrair o sêmen, Omar tem que matar o macho. O processo é repetido inúmeras vezes, e nem todos os zangões têm sêmen. Em seguida, todo o sêmen necessário é armazenado no capilar. Um equipamento especial vai ajudar a preparar a rainha para receber o material. São dois ganchos para abri-la, um lugar para apoiar a seringa com sêmen e um tubinho de acrílico, para prender a rainha.
Não se sabe ainda o quanto esse processo todo vai contribuir para aumentar a produção de própolis verde de Cézar, mas os ganhos virão. Para fazer a inseminação, são necessários equipamentos especiais e profissionais treinados. Apesar do custo alto, o processo, segundo os pesquisadores, pode valer a pena se a despesa for dividida por grupos de criadores.
Fonte: Revista Veterinária (http://www.revistaveterinaria.com.br) / http://www.apacame.org.br
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Muito interessante a nano genética ta se expandindo cada vez mais