Tristeza Parasitária Bovina (Babesiose x Anaplasmose)

Os carrapatos são parasitos que, por si só, causam grande prejuízo à pecuária em países de clima tropical e subtropical. Além disso, eles são vetores de doenças, como a tristeza parasitária bovina. A tristeza parasitária bovina (TPB) é uma doença infecciosa e parasitária dos bovinos causada por uma bactéria do gênero Anaplasma (Anaplasmose) e um protozoário do gênero Babesia (Babesiose) e é transmitida aos animais através do carrapato dos bovinos de (nome científico Ripicephalus (Boophilus) microplus).

Para poder entender como a Tristeza Parasitária Bovina afeta a produção tanto de carne como de leite é necessário conhecer um dos principais vetores, o carrapato R. (Boophilus) microplus, único vetor presente da babesiose no Brasil, pois para a anaplasmose possui moscas hematófagas como vetor. O R. (Boophilus) microplus é um ectoparasito hematófago cujo principal hospedeiro é o bovino, sendo que seu ciclo passa por uma fase de vida livre, que inicia com a queda das fêmeas ingurgitadas e outra fase da sua vida parasitária no bovino. Segundo (FARIAS,1995) A babesiose e a anaplasmose, constituem o complexo da TPB.

Anaplasmose

Segundo Scoles et al, a transmissão é feita principalmente por carrapatos R. microplus e também por moscas, mosquitos e outros insetos picadores, como os Tabanídeos (mutuca)  e os Stomoxys calcitrans (mosca do estábulo). A transmissão do Anaplasma por insetos hematófagos se faz de forma mecânica, mediante a transferência de hemácias infectadas a um animal susceptível, sendo realizada em poucos minutos, enquanto o sangue permanecfresco no aparelho bucal do inseto. (MARQUES, 2003).

Babesiose

A babesiose bovina é uma enfermidade produzida por protozoários intracelulares do gênero Babesia e transmitida principalmente por carrapatos da família Ixodidae. No Brasil, a babesiose bovina e o seu vetor, o carrapato Boophilus microplus, são responsáveis por prejuízos anuais de aproximadamente dois bilhões de dólares à pecuária. O impacto econômico é conseqüência das perdas diretas como a mortalidade, redução na produção de carne e leite, e também das perdas indiretas como a aplicação de medidas de controle.

O período de incubação, da babesiose, é de 7 a 14 dias, podendo aumentar ou diminuir dependendo da taxa de inoculação e da sensibilidade do hospedeiro. Parte do ciclo das babesia spp, inclusive a reprodução sexuada ocorre no carrapato vetor. No intestino do carrapato os parasitos se transformam em gametas que se fundem dando origem a merozoítos que invadem a hemolinfa e iniciam ciclos de fissão múltipla nos diversos órgãos da fêmea ingurgitada, inclusive ovário. Quando as larvas infectadas começam a se alimentar nos bovinos, a multiplicação continua nas células epiteliais das glândulas salivares, originando os esporozoítos que são inoculados pela saliva. Os esporozoítos invadem os eritrócitos, transformam-se em trofozoítos que por fissão binária dão origem a dois merozoítos que rompem a célula e invadem outras. (KESSLER et al, 1998).

Duração do ciclo parasitário do carrapato:

Tempo mínimo: 18 dias

Tempo máximo: 35 dias

Tempo médio: 21 dias

Cada Fêmea suga 2 a 3 ml de sangue, portanto 100 fêmeas sugam 250 ml; 20 fêmeas causam perda de 4 kg de pv/ano; 100 fêmeas causam perda de 20 kg de pv/ano.

  Sinais Clínicos

    Anaplasmose      

    Segundo Marques (2003), o período de incubação do Anaplasma marginale é variável de duas a quatro semanas ou mais, pois depende da sensibilidade do hospedeiro e da quantidade de parasitas no sangue. Se houver inoculação com sangue contaminado o período pode ser mais curto, de uma ou duas semanas. O animal fica fraco, desidratado, deprimido, com micção freqüente, urina amarelo escura, e não tem interesse pela alimentação. Os animais anêmicos e com anóxia apresentam uma dispnéia grave, um andar cambaleante e vagaroso. As mucosas na fase inicial apresentam-se pálidas e se tornam ictéricas se o animal sobreviver por alguns dias após a fase aguda.

Babesiose  Segundo Marques (2003), o período de incubação é de uma a três semanas nas infecções naturais. Os sinais clínicos se manifestam por elevação da temperatura até 41ºC, por anemia, hemoglobinúria, icterícia, anorexia, fraqueza e depressão.

Diagnóstico Anaplasmose

O diagnóstico baseia-se no histórico, sinais clínicos e exames laboratoriais. Com relação ao histórico, a idade e origem dos animais, importados ou de áreas de baixa incicidência. Segundo (MARQUES, 2003) Febre, depressão, mucosas pálidas, anorexia são sinais sempre presentes. Nos exames laboratoriais por esfregaços de sangue em lâmina, corados pelo Giemsa, a microscopia permite a identificação da anaplasma na margem das hemácias. O esfregaço deve ser feito com sangue periférico, coletado na orelha ou da cauda.

Babesiose

O diagnóstico clínico torna-se de suposição uma vez que os sinais clínicos podem ser confundidos com os de outras doenças.  Segundo Marques (2003) , o diagnóstico pode ser concluído pelos achados clínicos, como icterícia, hemoglobinúria e febre, mas o essencial para a confirmação do diagnóstico é por meio de esfregaços sangüíneos corados pelo método Giemsa, que ajuda na visualização de hemácias infectadas por Babesia. Na fase aguda ou crônica quando há uma parasitemia baixa, o diagnóstico pode ser feito com pesquisa de anticorpos, utilizando-se provas sorológicas, imunofluorescência indireta, ELISA. O hematócrito cai rapidamente de 35% que é o normal, para 15% a 12% em cinco a oito dias.

Controle

No controle estratégico da TPB, esta tecnologia se chama QUIMIOPROFILAXIA. QUIMIOPROFILAXIA é definida como a prevenção (ou profilaxia) do desenvolvimento de uma doença através do uso de medicamento quimioterápico, originalmente destinado ao tratamento. No caso da TPB, esta tecnologia está especialmente indicada nas circunstâncias epidemiológicas de alto risco, quando o manejo favorece a exposição de bovinos sem imunidade aos carrapatos. O medicamento indicado para os programas profiláticos é oIMIZOL, porque é o único a agir tanto contra Babesia quanto contra Anaplasma, e ter efeito por período prolongado. Na QUIMIOPROFILAXIA da TPB, associa-se o IMIZOLà exposição dos animais suscetíveis aos vetores.

Referências

Farias N.A.R. 1995. Diagnóstico e Controle da Tristeza Parasitária Bovina. Editora Agropecuária, Guaíba, RS. 80p.

MARQUES, D.C. Criação de bovinos. 7º ed. Belo Horizonte:Ed.Consultoria Veterinária e Publicações, 2003. 586p.

KESSLER, R.H.; SCHENK, M.A.M. Carrapato, tristeza parasitaria e tripanossomose dos bovinos. Campo Grande. M.S.: Embrapa-CNPGC, 1998.

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Sobre Ingridy Dutra

Ingridy Dutra
Graduando em Zootecnia - UESB Itapetinga, 19 anos. Bolsista de iniciação FAPESB. Católica Apostólica Romana, devota de Nossa Senhora Aparecida.

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