Benefícios da silagem e ensilagem.

Silagem é o produto resultante da fermentação, realizada por bactérias, de forrageiras em processo de anaerobiose, picadas e acondicionadas em silos. Quando bem feita, o valor nutritivo da silagem é semelhante ao da forragem verde. A ensilagem não melhora a qualidade das forragens, apenas conserva a qualidade original. Portanto, uma silagem feita a partir de uma lavoura ou capineira bem manejada vai ser bem melhor que uma silagem feita com uma cultura ou capineira “passada” ou mal cuidada.

A silagem é um alimento volumoso, usado principalmente para bovinos. Na época seca ela pode substituir o pasto. Na engorda em confinamento ela é usada junto com os grãos e farelos. A silagem não é indicada para cavalos ou bezerros pequenos.

Imagem: revistaplantar.com.br
Imagem: revistaplantar.com.br

A produção de silagem  proporciona benefícios, como:

  • Permite que seja mantido um maior número de animais por unidade de terra;
  • Auxilia em uma maximização ou manutenção da produção, em especial, em épocas de seca;
  • Com a realização do confinamento, permite ofertar animais bem nutridos quando o preço está mais elevado;
  • Proporciona uma armazenagem de grande volume de alimento em pouco espaço.

No processo de ensilagem o princípio de conservação da forragem é a redução do pH (aumento da acidez) pela fermentação dos açúcares solúveis da planta. Assim sendo, as melhores forrageiras para ensilagem são aquelas com elevado teor de açúcares solúveis. Este é o caso do milho e do sorgo, as melhores culturas para ensilagem. Os capins geralmente têm baixo teor de açúcares e não são indicados, mas há uma exceção: o capim-elefante (Napier, Cameroon, Taiwan, Mineiro e outros), que por ter bom teor de carboidratos solúveis pode dar silagem de boa qualidade. As leguminosas, por resistirem ao aumento da acidez (têm alto poder tampão) não são apropriadas para serem ensiladas sozinhas. A cana-de-açúcar, apesar do alto teor de carboidratos solúveis, geralmente não dá uma boa silagem, pois tende a possibilitar a fermentação alcoólica e, com isto, há muita perda de material. Entretanto, em silagens de milho, sorgo ou capim-elefante pode-se adicionar até 20% de leguminosas para melhorar seu valor protéico ou, pode-se adicionar 20% de cana picada em silagem de capim-elefante maduro, com menos umidade, para melhorar as condições de fermentação.

Panicum maximun
As forrageiras que fazem parte deste gênero são, Mombaça, Tanzânia, Colonião e Tobiatã. Uma de suas características é uma boa produção de massa; sua implantação é através de sementes; pode render até quatro cortes por ano, com produção entre 25 a 40 toneladas/corte/hectare. O primeiro corte deve ser feito em torno de 80 a 90 dias após o plantio; os próximos cortes serão após 45 a 55 dias após o rebrote, sendo que nesta época possui uma quantidade de, aproximadamente, 24% de matéria seca, 9% de proteína bruta e 53% de nutrientes digestíveis totais.

Capim elefante (Pennisetum purpureum)
As forrageiras que fazem parte deste gênero são Cameroon, Napiê, Taiwan, Mineirão e Paraíso. Dentre os capins tropicais, estes possuem o maior potencial de produção de massa. É plantado através de mudas, exceto a variedade Paraíso; têm rendimento de três cortes anuais, com produção entre 35 a 45 toneladas/corte/hectare. O primeiro corte deve ser feito cerca de 100 dias após o plantio, sendo que os cortes subsequentes devem ser feitos 60 a 70 dias após o rebrote.

Cynodon sp
As forrageiras que fazem parte deste gênero são, Tifton  68, Rhodes e Coast-Cross. Possuem um ótimo valor nutricional, permitindo diversos cortes; a maior dificuldade reside na sua implantação, que é feita através de mudas. O corte desta forrageira pode ser feito de 30 em 30 dias, durante o período de chuvas e até cinco cortes por ano, porém com uma menor produção. Este capim produz cerca de 18 toneladas/corte/hectare.

Brachiaria sp
As forrageiras que fazem parte deste gênero são, o Braquiarão, Brachiaria decumbensBrachiaria ruiziensis e Brachiaria plantagínea. Propagam-se facilmente; o primeiro corte deve ser feito cerca de 70 dias após o plantio, sendo que os cortes seguintes podem ser feitos entre 35 a 40 dias após o rebrote. Sua produção gira em torno de 20 a 30 toneladas/corte/hectare.

Cana-de-açúcar
Este volumoso é usado a mais de um século na alimentação dos animais. A cana de acuçar apresenta alta produtividade, em torno de 70 toneladas/hectare/ano, e alto valor energético.

Milho, sorgo, girassol e milheto
Com a utilização destes alimentos, o resultado é uma silagem de alta qualidade, alto valor energético e boa digestibilidade. O milho possui matéria seca variando de 32 a 35%, com uma produtividade ao redor de 30 toneladas/hectare. O sorgo possui matéria seca ao redor de 30 a 33%, com produtividade entre 35 a 40 toneladas/hectare. O girassol está pronto para o corte quando a flor estiver voltada para o solo e a parte de trás estiver amarelada; sua produtividade gira em torno de 30 toneladas/hectare e a matéria seca é próxima de 30%. O milheto é cortado aos 50 dias depois de plantado; quando estiver no ponto de silagem sua matéria seca estará por volta de 30% e sua produtividade entre 25 a 30 toneladas/hectare.

ENSILAGEM
O processo de ensilagem consiste em cortar a forragem no campo, picá-la em pedaços de 2 a 3 cm e ir colocando a forragem picada no fundo do silo. A cada camada colocada o material deve ser compactado, ou com “pesos de socar”, ou com animais pisoteando a forragem ou com trator (cuidado! o pneu do trator deve estar limpo, pois se ele levar terra ou barro para dentro do silo, a fermentação não vai ser boa e haverá perda de silagem). A compactação bem feita é um dos segredos da boa ensilagem. Ela serve para expulsar o ar de dentro da massa de forragem. A presença de ar prejudica a fermentação, e é por isso também que é importante vedar  bem o silo depois de cheio. A última camada deve ter forma abaulada e, no caso do silo-trincheira, ela deve ser acima da superfície para que a água da chuva não fique parada em cima do silo e possa escorrer para fora deste.

No silo de superfície a forragem picada é colocada sobre uma camada de palha (que serve para drenar a umidade da silagem e impedir o contato do solo com a forragem). A cada camada colocada deve-se compactar o  material. Vão se sobrepondo as camadas até atingir uma altura média de 1,5 m na parte central. As bordas são mais baixas, dando então o formato abaulado ao silo.

Nos dois tipos de silo, após a última camada de forragem, coloca-se uma lona preta cujas beiradas são presas em valetas ao lado do silo. Sobre a lona coloca-se uma camada fina de terra, para ajudar na compactação e expulsão do ar da superfície. É aconselhável que, ao final de cada dia de trabalho, a massa já colocada no silo seja coberta com lona, de maneira a não molhar com uma chuva ocasional. Ao final, o importante é que tenha havido uma boa compactação da silagem e boa vedação do silo.

Aproximadamente 40 dias após o fechamento do silo, a silagem poderá ser fornecida aos bovinos. Se tiver sido bem feita e o silo não for aberto, a silagem pode conservar-se por mais de 1 ano. Uma vez aberto o silo, a cada dia deve ser retirada uma fatia de no mínimo 15 cm.

Aditivos
Para melhorar as condições de fermentação ou para melhorar o valor nutritivo das silagens, alguns aditivos podem ser usados, como é o caso de fenos, palhas, fubá, uréia, melaço etc. Estes aditivos são empregados principalmente na ensilagem do capim-elefante, mas a uréia pode ser empregada também na ensilagem do milho. O aditivo escolhido é espalhado após cada camada do material colocado no silo, de maneira que fique bem distribuído dentro da massa ensilada. São empregados nas seguintes proporções:

– uréia: 0,5% (na ensilagem de milho ou capim-elefante),

– melaço: 3 a 5% (na ensilagem de capim-elefante) ou

– fubá: 3 a 5% (na ensilagem de capim-elefante)

Para facilitar a distribuição da uréia ou do melaço, estes podem ser divididos em água (1 kg: 1 l).

O principal problema para a ensilagem de capim-elefante é o elevado teor de água da planta. Para minimizar este problema usa-se, ou fazer o pré-murchamento, ou adicionar materiais mais secos junto com o capim no silo. Uma opção é usar o feno da parte aérea da mandioca (rama + folhas secas) na proporção de 5%, ou mesmo a parte aérea fresca da mandioca, picada, na proporção de 25%. Milho desintegrado com palha e sabugo ou cama de aviário também podem ser usados na base de 5%.

 

 

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Sobre Ingridy Dutra

Ingridy Dutra
Graduando em Zootecnia - UESB Itapetinga, 19 anos. Bolsista de iniciação FAPESB. Católica Apostólica Romana, devota de Nossa Senhora Aparecida.

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Um comentário

  1. Avatar
    Aline Cambuy

    Ótima matéria, parabéns!

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