Suplementação na época seca do ano como estratégia de otimização da produção.

A pastagem é o recurso basal desfrutado com maior intensidade pelos pecuaristas, seja para a produção de carne ou leite.  O Brasil apresenta condições climáticas favoráveis a esse tipo de exploração, pois está localizado em uma zona de grande incidência de luz e altos indicies pluviométricos, os quais são fatores preponderantes para a realização da fotossíntese e crescimento das forragens.

Um dos grandes desafios da produção a pasto é a sazonalidade da produção, ou seja, no período chuvoso ocorre um grande acumulo de forragem, porem no período seco há um déficit de alimento, tanto na quantidade quanto na qualidade da mesma, devido à elevação da maturidade da planta, que reduz o consumo e a digestibilidade da mesma pelos animais e consequentemente diminui a produção.

Com o passar do tempo o valor nutritivo das plantas tende a reduzir, em contrapartida aumenta outros componentes indesejáveis (fibra insolúvel, folhas senescentes e lignina). Na estação seca coincide com o maior acumulo desses componentes. Este fato, reflete em diferentes desempenhos por parte dos animais, com respostas, positivas ou negativas (Figura 1).

Figura 1: Variação dos componentes da planta ao longo do tempo
Figura 1: Variação dos componentes da planta ao longo do tempo

É interessante para o produtor que sua produção (carne e leite) seja constante durante todo o ano, contudo, somente com o uso de pastagens é sabido que não é possível, nesse sentido, fica explícito a necessidade de fontes externas de nutrientes que garantam o desempenho animal ao longo do ano, trazendo sustentabilidade ao sistema.

O uso de suplementação surge como uma forma de suprir as deficiências de nutrientes limitantes devido à má qualidade da forragem principalmente na época seca, garantindo a manutenção ao aumento no ganho de peso ou maior produção de leite. Segundo Paulino et al. (2002), para uma alta produção animal em pastagens, três condições básicas devem ser atendidas: 1) deve ser produzida uma grande quantidade de forragem de bom valor nutritivo, cuja distribuição estacional deve coincidir com a curva de exigências nutricionais dos animais; 2) uma grande proporção dessa forragem deve ser colhida pelos próprios animais (consumo); e 3) a eficiência de conversão dos animais deve ser elevada.

Mesmo sabendo da necessidade de suplementar os animais principalmente na época seca, muitas dúvidas ainda existem entre os produtores acerca de qual suplemento utilizar, nesse sentido esse discursão tem o objetivo de esclarecer essas dúvidas.

O primeiro ponto a ser descrito e quanto a quantidade de forragem disponível nesse período, pois a suplementação tende a maximizar o consumo e digestão dessa forragem. Uma forma de ter forragem em quantidade na época seca é o diferimento das pastagens. O pastejo diferido é um manejo estratégico de pastagens que consiste, basicamente, em selecionar determinadas áreas e vedá-las à entrada de animais no final da estação de crescimento.

As estratégias de suplementação a serem adotadas em função dos objetivos do produtor e do sistema de criação, seja para possibilitar elevado ganho de peso, ganhos moderados ou, simplesmente, para a manutenção de peso durante o período da seca, ou seja, para cada um desses objetivos e preciso adotar uma suplementação diferente.

Sabendo que a quantidade de proteína das forragens no período seco é deficiente, apresentam abaixo dos 7 % de PB, valor mínimo necessário para o crescimento dos microrganismos do rúmen.  O uso de suplementos proteicos e indispensável. Assim segundo Reis et al. (1997), a suplementação com fontes de proteína verdadeira ou NNP (nitrogênio não proteico) promove o crescimento de microrganismos no rúmen, corrigindo a deficiência de energia, consequentemente elevará a digestibilidade da forragem de baixa qualidade, o consumo de matéria seca e de energia digestível, dessa forma melhorando o desempenho animal.

Euclides et al. (2007), recomendaram para a manutenção de peso durante o período da seca, o uso de sal mineral com uréia e enxofre. Nessa situação busca-se apenas o suprimento das exigências de proteína bruta para crescimento dos microrganismos.

Para ganho moderados, em torno de 250 g/dia, os autores supracitados recomendam o uso de misturas múltiplas, com energia e proteína, bem como macro e micro minerais para complementar as deficiências das pastagens. O consumo diário do suplemento deve ser em torno 0,1 a 0,2% do peso corporal. Já para ganhos elevados em torno de 500 a 900 g/dia os autores sustentam a utilização da suplementação com mistura balanceada de concentrados. Esta deve ser fornecida em torno de 0,6% a 1% do peso corporal.

Contudo cabe ao produtor e ao técnico decidir qual a melhor estratégia a ser adotada para as condições da propriedade de forma que a suplementação seja viável economicamente, e gerenciar a formulação dos suplementos de acordo com a qualidade dos pastos e o desempenho esperado para tal a propriedade deve encarada como uma empresa, e assim obter rendimentos com a atividade.

 

 

Referências 

PAULINO, M. F. et al. Soja grão e caroço de algodão em suplementos múltiplos para terminação de bovinos mestiços em pastejo.
Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.31, Supl., p.484 491, dez. 2002.
REIS, R. A. et al. Suplementação como estratégia de manejo de pastagem. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGEM, 13.,
1997, Piracicaba, São Paulo. Anais… Piracicaba: FEALQ. 1997. p.123-150.
EUCLIDES, V. P. B. et al. Diferimento de pastos de braquiária cultivares Basilisk e Marandu na região do Cerrado.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.42, n.2, p.273-280, fev. 2007.

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Sobre João Wilian Dias Silva

João Wilian Dias Silva
Técnico em Agropecuária pela Escola Família Agrícola de Caculé, Atualmente Graduando em Zootecnia -UESB, bolsista de iniciaçao científica, 22 anos

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